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Príncipe de Astúrias (Imagem: Divulgação/Prefeitura)

Mergulhe na história dos naufrágios no Museu Náutico de Ilhabela

Tempestade em alto mar. Bússola desorientada. Acidente marítimo. Explore os navios afundados em Ilhabela sem se molhar no Museu Náutico de Ilhabela

Por Alessandra Stefani

Uma costa banhada por água transparente. Praias paradisíacas num cenário dominado pelo verde, ora da mata, ora do mar. É só bater o olho e lá estão as joias de Ilhabela. Mas aqui tem uma outra riqueza menos evidente, que está escondida no fundo do mar: os naufrágios da ilha.

Mar de Ilhabela (Imagem: Flickr/Wellington Jr Teixeira)

Mar de Ilhabela (Imagem: Flickr/Wellington Jr Teixeira)

Dezenas de embarcações “sepultadas” nas profundezas do oceano, formando o maior cemitério de navios do Brasil. Aí fica a pergunta: por que tantos naufrágios justamente em Ilhabela? Uma explicação são as rochas daqui, de magnetita. Elas formam um campo magnético que enlouquecia as bússolas dos navios e desorientava os comandantes, que acabavam batendo. Isso sem contar nos fortes ventos no extremo sul do arquipélago. Não é à toa que a ilha ficou conhecida como o Triângulo das Bermudas do Brasil.

Bússola no Museu Náutico de Ilhabela (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Bússola no Museu Náutico de Ilhabela (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Ao longo dos séculos, barcos de pesca, vapores, veleiros, cargueiros, rebocadores e navios de passageiros foram literalmente por água abaixo. Um paraíso para mergulhadores, que conseguem chegar nos destroços – hoje, casa de vários peixes – e ver de perto a memória viva de anos atrás.

Naufrágio do Príncipe de Astúrias (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Naufrágio do Príncipe de Astúrias
(Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Mas não é preciso ser profissional pra mergulhar nessa história. O Museu Náutico de Ilhabela mostra tim-tim por tim-tim desse passado, com peças recuperadas dos naufrágios. Louças, talheres de prata, cristais e garrafas que um dia fizeram parte da coleção luxuosa dos navios hoje estão à mostra.

Museu Náutico de Ilhabela (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Museu Náutico de Ilhabela
(Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Muitas dessas peças são do Príncipe de Astúrias, um transatlântico que ia da Espanha até a Argentina, mas que acabou afundando na Ponta da Pirabura. Pelo menos 477 pessoas morreram, só que o número pode ser bem maior já que centenas de imigrantes viajavam clandestinamente. A tragédia conhecida como o “Titanic brasileiro” foi a maior que já aconteceu na nossa costa.

Louças do Príncipe de Astúrias (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Louças do Príncipe de Astúrias
(Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Outro naufrágio famoso é o Dart, um cargueiro cheio de café que ia para Nova Iorque. Ele ficou conhecido como o navio das louças. É que por muito tempo ainda dava pra encontrar nele porcelana inglesa com o brasão do correio britânico. Teve gente que acabou vendendo essas peças na Vila.

Réplica do navio Dart (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Réplica do navio Dart
(Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

As réplicas desses e de outros navios estão lá no museu, que ainda tem uma mostra sobre a produção de energia na ilha – já que no espaço onde hoje é o museu funcionava a antiga usina hidrelétrica de Ilhabela – e um acervo arqueológico, com objetos de um período remoto. Já imaginou conhecer o morador mais antigo de Ilhabela? Ele está lá, ou melhor, o esqueleto dele, de 2 mil anos, está. O ossada está num antigo sambaqui, uma cama de conchas onde os primeiros povos eram sepultados.

Esqueleto em Sambaqui em Ilhabela (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Esqueleto em Sambaqui em Ilhabela (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

No Museu Náutico é assim, arqueologia fora e dentro d’água. Uma porta de entrada para anos atrás, escondidos debaixo da terra e do mar. A prova viva de que a história não acaba no passado e de que um naufrágio não termina no fundo do mar.

Talheres coletados de naufrágios (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Talheres coletados de naufrágios
(Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Serviço

Museu Náutico de Ilhabela
Rua: José Bonifácio, sem n° – Bairro da Água Branca.
Tel: (12) 3896-3757
Horário de Funcionamento: todos os dias, das 10h às 18h (consulte horários diferenciados em feriados)
Entrada: gratuita com visita monitorada

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