Mergulhe na história dos naufrágios no Museu Náutico de Ilhabela
Tempestade em alto mar. Bússola desorientada. Acidente marítimo. Explore os navios afundados em Ilhabela sem se molhar no Museu Náutico de Ilhabela
Uma costa banhada por água transparente. Praias paradisíacas num cenário dominado pelo verde, ora da mata, ora do mar. É só bater o olho e lá estão as joias de Ilhabela. Mas aqui tem uma outra riqueza menos evidente, que está escondida no fundo do mar: os naufrágios da ilha.
Dezenas de embarcações “sepultadas” nas profundezas do oceano, formando o maior cemitério de navios do Brasil. Aí fica a pergunta: por que tantos naufrágios justamente em Ilhabela? Uma explicação são as rochas daqui, de magnetita. Elas formam um campo magnético que enlouquecia as bússolas dos navios e desorientava os comandantes, que acabavam batendo. Isso sem contar nos fortes ventos no extremo sul do arquipélago. Não é à toa que a ilha ficou conhecida como o Triângulo das Bermudas do Brasil.
Ao longo dos séculos, barcos de pesca, vapores, veleiros, cargueiros, rebocadores e navios de passageiros foram literalmente por água abaixo. Um paraíso para mergulhadores, que conseguem chegar nos destroços – hoje, casa de vários peixes – e ver de perto a memória viva de anos atrás.
Mas não é preciso ser profissional pra mergulhar nessa história. O Museu Náutico de Ilhabela mostra tim-tim por tim-tim desse passado, com peças recuperadas dos naufrágios. Louças, talheres de prata, cristais e garrafas que um dia fizeram parte da coleção luxuosa dos navios hoje estão à mostra.
Muitas dessas peças são do Príncipe de Astúrias, um transatlântico que ia da Espanha até a Argentina, mas que acabou afundando na Ponta da Pirabura. Pelo menos 477 pessoas morreram, só que o número pode ser bem maior já que centenas de imigrantes viajavam clandestinamente. A tragédia conhecida como o “Titanic brasileiro” foi a maior que já aconteceu na nossa costa.
Outro naufrágio famoso é o Dart, um cargueiro cheio de café que ia para Nova Iorque. Ele ficou conhecido como o navio das louças. É que por muito tempo ainda dava pra encontrar nele porcelana inglesa com o brasão do correio britânico. Teve gente que acabou vendendo essas peças na Vila.
As réplicas desses e de outros navios estão lá no museu, que ainda tem uma mostra sobre a produção de energia na ilha – já que no espaço onde hoje é o museu funcionava a antiga usina hidrelétrica de Ilhabela – e um acervo arqueológico, com objetos de um período remoto. Já imaginou conhecer o morador mais antigo de Ilhabela? Ele está lá, ou melhor, o esqueleto dele, de 2 mil anos, está. O ossada está num antigo sambaqui, uma cama de conchas onde os primeiros povos eram sepultados.
No Museu Náutico é assim, arqueologia fora e dentro d’água. Uma porta de entrada para anos atrás, escondidos debaixo da terra e do mar. A prova viva de que a história não acaba no passado e de que um naufrágio não termina no fundo do mar.
Serviço
Museu Náutico de Ilhabela
Rua: José Bonifácio, sem n° – Bairro da Água Branca.
Tel: (12) 3896-3757
Horário de Funcionamento: todos os dias, das 10h às 18h (consulte horários diferenciados em feriados)
Entrada: gratuita com visita monitorada