O dia em que uma vegana se apaixonou por uma churrascaria

Na coluna de hoje, um depoimento sobre o dia em que eu, vegana, me apaixonei por uma churrascaria. Dá pra imaginar? Vou contar tudinho!

Por Mychelle Pavão*

Acredito que não adianta nada ser vegano e viver de batata frita cheia de agrotóxicos, óleos reusados e sal refinado. Para ser vegano pelos animais e/ou pela natureza, temos que ser um exemplo de amor próprio e saúde.

Seria muito fácil falar de gastronomia saudável em um lugar já com esse propósito. Assim, fui ao lugar mais inesperado, mas que está nas nossas tradições desde a infância, reunindo famílias e amigos em mesas fartas, e meu maior desafio se tornou minha melhor surpresa.

Churrascarias tradicionais seriam meus lugares favoritos pela ilha imensa de saladas a vontade que oferecem. São sempre abundantes, onde encontramos até o típico árabe (hommus e babaganoush) que sempre nos salva. Único problema: o constante desfile de espetos com carnes variadas acompanhadas do cheiro forte, onde até nosso cabelo sai cheirando fumaça.

Foi então que eu entrei na melhor churrascaria da minha vida.

Primeiro por ser “A la Carte”, onde a discrição das carnes já me ganhou. O salão, lindo! Com árvores e pedras naturais, interagindo com a estrutura do local. Uma parreira de uva passa da área externa até a faixada, deixando o ambiente cheio de vida, extremamente charmoso. Com janelas de vidro do chão ao teto que se fecham para o ar condicionado, quando necessário. A vista de uma das praias mais lindas da ilha (Saco da Capela) é um show a parte. Não tem escadas, e possui rampas de acesso para cadeirantes por todo o local, além de estacionamento privativo.

O Brasa, além de cortes nobres de carne que nunca saberei o sabor e estou muito bem assim, obrigada (risos), serve acompanhamentos onde qualquer vegetariano ou vegano, sairia satisfeito e feliz da vida: mix de legumes na parrilla, palmito pupunha assado, batata rústica, polenta, queijos variados, salada de rúcula com abóbora e queijo feta, todos com azeite de primeira e temperados com sal do himalaia.

Além disso, eles têm um empório com tudo da melhor qualidade, que causaram palpitação nesse meu coraçãozinho: mel de bordo (o famoso syrup, melhor substituto do mel de abelha), feijão e café da Korin (orgânicos), variedade de chás prontos, kombucha, temperos como sal rosa, flor de sal, massas sem glúten, azeites, conservas como azeitona recheada com pistache e amêndoas (meu favorito), castanhas variadas da Byblos, tâmaras, edamame congelado, uma adega com os melhores vinhos, vodka orgânica, além dos alimentos orgânicos in natura, como: cebola, tomate, banana, cenoura, milho, folhas e etc. Também possuem utensílios chiquérrimos para a cozinha, um mais lindo que o outro.

O Brasa preza pela qualidade, o atendimento é impecável e a apresentação dos pratos, mais ainda. O local é acolhedor, música boa, iluminação aconchegante, vista digna de ser apreciada sem hora para ir embora. Os drinks do restaurante são maravilhosos, os donos sempre atentos e presentes, além de ser pet friendly. Veganismo é sobre união, não exclusão, e foi aí que o Brasa ganhou meu respeito como um novo conceito de churrascaria, afinal, quebrar paradigmas, rótulos e super ego, faz parte da reflexão diária de um vegano. Permita-se se apaixonar pela melhor batatinha doce dessa cidade.

Obrigada, Brasa <3

Mychelle Pavão é diretora da cozinha @myckavegana e fundadora do núcleo da Sociedade Vegetariana Brasileira de Ilhabela. É também colunista do Ilhabela.com.br e traz suas dicas pros nossos leitores!