Visite a “Cadeia de Ilhabela” e você vai querer voltar
Por trás de janelas e portas com grades das antigas celas da Cadeia de Ilhabela está um tesouro da ilha. Conheça a exposição do Centro de Visitantes e Sede do Parque Estadual de Ilhabela
Já reparou naquele prédio antigo na Vila, superpreservado, perto da Igreja e ao lado da escultura do Cristo Crucificado? Os mais atentos devem ter visto que na fachada está escrito “Cadeia e Fórum”. Isso é o que ele já foi um dia.
Desde que foi construído, em 1804, já funcionou no lugar a Câmara, Delegacia e dizem que até Teatro. Mas você já teve a curiosidade de parar ali pra saber o que ele é hoje? Possivelmente se surpreenderia. É que, em 2013, o espaço se transformou na porta de entrada pra quem quer conhecer o Parque Estadual Ilhabela antes de se aventurar pela mata e estrada de terra.
O que isso significa? Significa que em 5 salas temáticas rola uma exposição com fotos, vídeos e peças sobre essa área verde gigantesca que pra ser protegida virou parque. E não é qualquer sala, não. Quando a gente entra no prédio que abriga o Centro de Visitantes e a sede do parque, está percorrendo celas onde já ficaram presos de Ilhabela. Até a grade na janela e a porta do xilindró ainda estão lá.
Nas paredes, painéis explicando tim-tim por tim-tim de um pedaço ainda vivo da Mata Atlântica. Se pensarmos que no Brasil inteiro 93% do que um dia foi coberto por ela já era, vai dizer que Ilhabela, com 85% do território de floresta atlântica, não é um tesouro natural? É verde que não acaba mais – e é bom que o pessoal do parque fique de olho pra não acabar mesmo.
Além da mata, aqui tem duna, praia, restinga, costões rochosos. Traduzindo: diferentes casas pra diferentes animais. De baleia jubarte a quase 360 espécies de aves, da jaguatirica (aquela que parece uma “mini onça”, mas que aqui na ilha é bem menos “mini” do que em outros lugares do Brasil) até pinguins, Ilhabela é o bicho. Tem até animal que só existe aqui, como o cururuá, esse “ratinho” aí da foto. Se ele desaparecer da ilha, nunca mais vai existir em nenhum lugar do mundo. Daí a importância da luta contra a caça de animais silvestres – tem até uma exposição temporária sobre isso.
Ah, e não dá pra esquecer das centenas de cachoeiras de água doce espalhadas num pedaço de terra rodeado por água salgada. Por que tantas? Bem, as massas úmidas do oceano estacionam aqui porque a serra, alta, “segura” as nuvens. Com o calor, é chuva que vai para o solo. As árvores da floresta transpiram pra caramba. Mais água pra chuva que acaba lá embaixo. O lençol freático fica tão “encharcado” que uma hora ele “transborda” para a superfície criando as nascentes e as cachoeiras, explica Joana Fava Cardoso Alves, gestora do parque.
As quedas d’água estão aí pra gente se divertir. O parque tem 8 atrações principais, com trilhas e estrada pra fazer birdwatching, curtir muito verde e se molhar. A única trilha que não é autoguiada é a que leva ao Pico do Baepi. Aí dá pra agendar uma visita com monitores do parque. É de graça e deve ser feita com umas duas semanas de antecedência.
A exposição também conta um pouco da história da ilha, com peças da época em que aqui viviam os índios até o Brasil colônia. E as comunidades caiçaras? Também tem um espaço pra elas e pra cultura tradicional. Está tudo lá dentro.
Do lado de fora, uma canoa de voga que era usada para transportar cachaça e produtos agrícolas para Santos e Paraty.
O Centro de Visitantes é uma viagem no tempo, um espaço onde o parque “se apresenta” para nós como um mundo natural extraordinário. Um lembrete de que para que as fotos da exposição continuem fiéis à realidade, a gente tem que fazer a nossa parte e preservar.
Serviço:
Sede e Centro de Visitantes do Parque Estadual Ilhabela
Praça Cel. Julião de Moura Negrão, 115 – Vila
Tel: (12) 3896-2585
Horário de Funcionamento: de segunda a sexta, das 8h às 17h e sábados das 15h às 21h (aberto em feriado e domingo durante horário de verão)
Entrada: gratuita com visita monitorada