Correr: livre para todos os públicos
<h3>Atletas do endurance 50k são exemplos de superação e incentivo à prática de esportes, seja na melhor idade ou para quem sofre com doenças crônicas</h3>
A prova dos 50k do XTerra Brazil está entre as preferidas dos corredores profissionais de ultramaratonas. Várias equipes compareceram ao evento, alguns correndo pela terceira ou quarta vez na prova de Ilhabela, sempre em busca de um tempo melhor. Entre eles, destacam-se alguns personagens já bem conhecidos dos atletas, como é o caso de Tomiko Eguchi, uma senhora de 62 anos de idade que começou a correr aos 52 e nunca mais parou. É a quarta vez que ela participa do XTerra, entre outras provas que realiza pelo Brasil afora. Para ela, não é preciso estar no pódio, pois já tem as melhores recompensas: ter qualidade de vida, poder viajar, conhecer gente e fazer novas amizades, e tudo isso correndo e curtindo a natureza, que é sempre melhor. “É importante incentivar o pessoal que está começando. Se não quer ou não consegue correr, começa com caminhada, depois começa com corridinha de 2 ou 3km, tem essas corridas de montanha que começam com 3, 5, 7km e aos poucos vão aumentando”, reforça Tomiko, que completou a prova em 8h41m44s.
Ela treina com a Nova Equipe, time onde encontramos outro personagem curioso. Emerson Bisan é preparador físico e, ainda na faculdade de Educação Física, fez um diagnóstico de diabetes. Contrariando algumas orientações e profissionais que consideram a prática de esportes perigosa para quem sofre da doença, Bisan percebeu que a corrida era um dos esportes que mais o ajudavam no controle da glicemia. Passou, então, a se especializar em corrida e um ano após o diagnóstico correu sua primeira maratona – primeira de 60, número que irá atingir no próximo mês, na Maratona do Rio de Janeiro. Com todo esse histórico, o preparador tornou-se referência em treinamento para atletas diabéticos. “Quando completei minha 20a maratona, passei a buscar maiores objetivos, e fui pra ultramaratona. Hoje em dia tenho provas de 24h, 48h, completei 6 vezes a Brasil 135 – ultramaratona mais difícil do país com 217km, e por lidar bem com isso, a Nova Equipe tornou-se o ponto de encontro dos atletas com diabetes”, conta. No dia a dia dos treinos, ele diz que às vezes tem 10 corredores que estão fazendo a medida da glicemia ou tomando insulina, com a maior naturalidade. “Quem não é diabético é que acaba se sentindo deslocado”, brinca. Mas todos são bem-vindos!
A diabetes é uma doença muito silenciosa e ainda possui muitos mitos. “Ainda há professores de educação física excluindo crianças diabéticas da aula. Deveria ser ao contrário, o organismo de um atleta é mais resistente e capaz de diminuir os riscos das complicações tardias do diabetes”, explica. Segundo Bisan, com os treinos e corridas, a tríade de tratamento que envolve atividade física, alimentação adequada e medicamentos fica completa. Bisan completou a prova em 8h23m35s.