Entre tubarões e naufrágios: com Lawrence Wahba e Sofia Graça
Lawrence Wahba fala sobre sua relação com Ilhabela, o local do primeiro mergulho autônomo de sua vida. Com ele, Sofia Graça Aranha fala do documentário em que estão trabalhando, sobre o lado amigável dos tubarões
Ele é mergulhador, repórter cinematográfico e já dirigiu mais de 40 documentários em todos os continentes. Ela é bióloga, mergulhadora e embaixadora do mar pela ONG Sea Shepherd Brasil. Estamos falando de Lawrence Wahba e Sofia Graça Aranha, que estiveram em Ilhabela no último fim de semana e falaram com exclusividade ao Portal Ilhabela.com. Atualmente, Lawrence apresenta o programa “Animal: diários de Lawrence Wahba” no canal NatGeo/Fox HD, e Sofia protagoniza o programa “Submerso” do Canal OFF, do grupo Globosat, com mais duas mergulhadoras. Juntos, estão preparando o próximo documentário da carreira: “Eu e os tubarões” (ou The sharks and I, na versão em inglês).
De passagem pela Ilhabela, bateram um papo descontraído com nossa equipe e, esbanjando simpatia, contaram o que mais os encanta em nossa ilha. Confira o que rolou!
Ilhabela.com – Há quanto tempo vem para a Ilha e o que o traz aqui?
Lawrence – Eu vinha com meus pais para a Ilhabela desde os 7 anos de idade, o primeiro mergulho autônomo que eu fiz na vida foi na Ilhabela em 1983, e desde então eu volto de quando em quando. Gosto de mergulhar na Ilha das Cabras, que é um exemplo de preservação, e mergulho também nos naufrágios, na Ilha de Búzios. Mas Ilhabela pra mim é um lugar mais ligado ao lazer, gosto muito aqui da ilha, tenho vários amigos que têm casa aqui, além disso, meus pais têm casa em São Sebastião, então sempre que posso dou uma cruzada até a Ilha.
Ilhabela.com – Nesse tempo, o que já viu pelos mares daqui? Algo diferente, curioso?
Lawrence – O mais impressionante que vi na ilha foi há uns 3 ou 4 anos, fiz um trabalho pra TV espanhola (o History Channel da Espanha), onde tive a oportunidade de mergulhar no Príncipe das Astúrias. E a gente fez um trabalho com o pessoal daqui pra chegar no dia certo, com a visibilidade certa – tantas vezes eu havia tentado mergulhar no Príncipe, sempre com água muito turva, e de repente a gente caiu lá com 7 metros de visibilidade, uma visibilidade incrível. Foi o mergulho mais especial que eu fiz na Ilhabela, com certeza.
Ilhabela.com – E você, Sofia, faz tempo que vem para Ilhabela?
Sofia Graça Aranha – A primeira vez que vim pra ilha foi esse ano (2014), em janeiro, com o Lawrence. Ele me chamou pra fazer uns mergulhos aqui pra gente se inteirar – estamos com um documentário sobre tubarões, então a gente veio meio que testar a nova equipe. Mergulhamos aqui na Ilha das Cabras e a primeira impressão que eu tive da Ilhabela foi a melhor de todas! A temperatura da água estava em torno de 29 graus, a visibilidade em 10m, então achei Ilhabela sensacional. Depois, ainda tivemos a oportunidade de ir para Alcatraz [ilha próxima à Ilhabela e protegida por uma Estação Ecológica federal], com um fiscal do Ibama. Enfim, o melhor de Ilhabela é o mar, o mergulho – fiquei encantada, é demais!
Ilhabela.com – Lawrence, além do mergulho, o que mais te atrai na ilha?
Lawrence – Normalmente aqui na Ilha, além de mergulhar, eu gosto muito de ir para as cachoeiras, gosto de ver o que ainda resta de mata preservada e, de um ponto de vista pessoal, o que me atrai muito na ilha é a quantidade de amigos que têm casas, então venho muito com meus filhos pra passear, curtir a ilha, tomar um banho de cachoeira, curtir uma praia, e claro, sempre dar uma mergulhadinha também.
Ilhabela.com – Para os iniciantes em mergulho, quais os cuidados a serem tomados?
Lawrence – A principal dica é ir fazendo uma adaptação gradual, porque às vezes a pessoa faz o curso de mergulho e já quer sair mergulhando sozinho, e acaba se perdendo debaixo d’água, se desorientando, passando um pouco de estresse. Então o que eu recomendo é que, assim que terminou o curso de mergulho, procure fazer as saídas organizadas com um dos operadores de mergulho. Eu pessoalmente frequento a Colonial Diver, mas é importante que você tenha um operador de mergulho supervisionando pra você continuar tendo uma experiência agradável debaixo d’água. Aí com o tempo, conforme você for tendo mais experiência, já pode passar a mergulhar sem ser supervisionado, mas é importante fazer essa transição gradualmente pra você sempre desfrutar do mergulho e evitar de passar algum perrengue debaixo d’água.
Ilhabela.com – Sofia, conta pra gente um pouco do documentário em que vocês estão trabalhando juntos?
Sofia – Estamos fazendo um documentário chamado “Eu e os tubarões” (The sharks and I), que conta a história de uma bióloga que quer mostrar para o mundo o lado doce e desconhecido do tubarão, um lado mais sutil, mais carinhoso, amigável. As pessoas veem o tubarão com aquela boca cheia de dentes como um animal agressivo e que vai te comer a qualquer custo, e não é assim. Então é isso que eu estou tentando provar junto com o Lawrence Wahba e o Lucas Gaspar Pupo, que é o diretor de fotografia, a gente está viajando o mundo e mergulhando com os maiores tubarões pra mostrar pras pessoas que eles não são essas máquinas assassinas sanguinárias que a gente imagina que eles sejam.