Mulheres ao mar
Beleza, charme e resultados, o maior evento náutico da América Latina terá uma equipe 100% feminina nas regatas de 6 a 13 de julho
– Pai, conseguimos! Compramos o veleiro! anunciam via facebook, Illa Tucci e seu companheiro Vitor Carneiro.
Há 5 anos atrás, sem caixa algum e com muita paixão, recebíamos outro anúncio, deles, desta vez pessoalmente: – Vamos migrar para Austrália e voltar um dia num veleiro… Desde muito jovem, Illa Tucci sempre pertenceu às grandes aventuras. Seu desejo de 15 anos? Pular de para-quedas. E de lá até a compra do veleiro, acompanhamos esta brava “menina”, escalando montanhas, correndo, nadando, trilhando, acampando, morando em vans, desbravando sertões, cruzando mares profundos, céus improváveis… Debruçada sobre mapas, cartas náuticas e quase de posse de sua certificação como velejadora, ela sorri, me olha com aqueles olhos azuis do mar e ensina: “- Paixão a gente não explica, se sente!”
Durante a Semana de Vela de Ilhabela, vamos ter o privilégio de ver este time em ação. O time feminino tem experiência de sobra para brigar pelas primeiras posições. Além da timoneira Renata Bellotti, a equipe será formada por Fernanda Decnop (atual líder do ranking brasileiro de Laser Radial), Tatiana Ribeiro, Larissa Juk e Andrea Rogik. “A classe HPE demanda muita força física e uma tripulação feminina é obrigada a desenvolver outras aptidões, que superam em parte essa tal necessidade. Temos maior atenção nas variações de vento e correnteza, mais preocupação na regulagem fina do equipamento, o respeito pela função de cada uma sem interferência e, principalmente, o zelo pela harmonia e bem estar da tripulação”, diz Renata Bellotti, que não se esquece do famoso sexto sentido feminino.
Integrante especial do Fram, um dos barcos na classe RGS, a austríaca Barbara Prommegger, de 40 anos, será a timoneira do time. “O nível da vela brasileira é muito alto. Na Europa, há mais barcos e velejadores, mas as pessoas, ou a maioria delas, encaram o esporte de outra maneira. No Brasil, como é um pouco mais difícil praticar a modalidade, os atletas são mais completos. É tudo mais especial”.
Concorrente do Fram na mesma classe, o Jazz tem mais mulheres do que homens a bordo. “O importante é o entrosamento do time. Nossa equipe está cada vez melhor e a nossa alegria interna resulta em resultados no ano de 2013. Isto independe de sermos uma equipe feminina ou mista. Mas continuo prestigiando as mulheres que fazem parte da minha tripulação, pois acho que elas ainda têm menos espaço na vela de oceano”, atesta a comandante Valéria Ravani.
Nossa torcida para todas as mulheres, que assim como a Illa, a Renata, a Valéria, a Bárbara, Fernanda e a Ana, nos ensinam, velejando, que as paixões são como os ventos que enfunam as velas dos barcos, que por vezes nos fazem naufragar, mas sem eles não poderiam singrar.
Rossane Costa
especial para Ilhabela.com.br